O Brasil já enfrenta desafios profundos na educação pública, especialmente nas periferias. Nesses territórios, cada conquista escolar é fruto de luta diária: pais que madrugam para trabalhar, jovens que dividem estudo e emprego, escolas que operam com recursos escassos. Nesse contexto, ouvir do governador Tarcísio de Freitas — acompanhado do Secretário de Educação Renato Feder — que “o diploma não tem mais importância” é mais do que um comentário infeliz: é um ataque direto aos sonhos de milhares de estudantes que, nas vésperas do Enem, se preparam para disputar um lugar na universidade como única via concreta de ascensão social.
É inaceitável que tais declarações partam justamente das autoridades responsáveis por garantir o direito à educação. A retórica de que “o diploma não vale tanto assim” soa, além de insensível, profundamente incoerente. O próprio governador possui formação acadêmica robusta e múltiplos diplomas. Seu filho, por sua vez, cursa uma das melhores universidades do país — algo que não seria possível caso seguissem o “desaconselhamento” que agora tentam normalizar. É fácil menosprezar o valor da educação quando se usufrui de todos os seus benefícios.
Para as crianças e jovens da escola pública, a história é outra. O diploma é mais do que um papel: é um símbolo de resistência, um passaporte para oportunidades, um escudo contra a desigualdade. É a chance real de romper ciclos de pobreza que se perpetuam há gerações. Dizer que ele não importa é desmobilizar quem mais precisa dele.
Educação é investimento coletivo, não produto descartável. Quando um governador desencoraja seus jovens, não apenas desrespeita a trajetória de professores e alunos — ele compromete o desenvolvimento do Estado. As palavras de quem ocupa o cargo mais alto do Executivo deveriam inspirar confiança, não produzir desalento.
O Bairro do Cupecê – O Bairro Cidade Ademar repudia, com razão, atitudes que minimizam a importância do estudo. Defender a escola pública significa defender o direito de sonhar, de disputar uma vaga na universidade, de transformar a própria vida e o próprio bairro. As periferias sabem, mais do que ninguém, o valor de cada caderno, de cada aula, de cada conquista.
Diminuir o diploma é, na prática, diminuir o futuro dessas crianças.
Que os jovens do Enem saibam: seus sonhos importam, sim. Muito mais do que discursos vazios de quem nunca precisou lutar pelo próprio acesso à educação.


















